Clubinho

 

O clube dos artistas e amigos da arte foi ponto de encontro de amigos no ano de bomba atômica e televisão... No centro de São Paulo dos velhos tempos, o clubinho foi a casa dos intelectuais e dos artistas, reunindo um grupo fundamental na consolidação do MAM.  "Uma de suas importantes finalidades: o estímulo aos jovens." dizia a diretora do Museu de Arte Moderna, Diná Lopes Coelho. [1]

"Não existe em toda cidade ambiente mais gostoso do que aquele onde acontecem genialidades por todos os cantos."[2]

Criado em 1945, o clubinho dominou a noite paulista.

Alguns pintores se organizaram para a realização de um baile de carnaval e a partir daí surgiu o Clube dos Artistas e Amigos da Arte.

O clubinho reuniu muitos nomes fundamentais na consolidação do MAM, entre eles Sérgio Milliet e Arnaldo Pedroso d`Horta.

Os mais boêmios seguiam para os porões do Clube dos Artistas, a Boate Oasis, Instalada no amplo porão do edifício Esther, na esquina com a Avenida Ipiranga.

Teve uma importância grande no cenário artístico paulista, tanto que Ciccillo Francisco Matarazzo Sobrinho chegou a propor um entrosamento entre ele e a Fundação do Museu de Arte Moderna de São Paulo.

Tarsila, Graciano, Flavio de Carvalho, Mario Donato, Rebolo, Casanova, Marysia, Gerda, Almeida Salles, Moacyr Rocha entre outros, promoveram exposições e organizaram, com temas originais, os "Bailes das 4 artes". Lançaram livros de escritores de renome: João Cabral de Melo Neto, Rubem Braga, Vinicius, Pablo Neruda. Ofereceram noitadas musicais: a "velha guarda", Pixinguinha e seus parceiros. Receberam personalidades em homenagens especiais: Olga Navarro, Mary Anderson, Roberto Victor Cordeiro.

Em 1949 reunidos no Clube dos Artistas e Amigos da Arte, os foliões divertiram-se a valer num clima de bom gosto que parecia prever um baile que, mais tarde, iria realizar-se nos salões do Trianon em benefício do MAM [3]. "Clubezinho querido esse da rua Bento Freitas. Bem que merecias um baile e muito mais ainda pelo que tens feito em prol da confraternização de artistas, amigos das artes e amigos dos amigos dos amigos dos artistas."

Pois bem, esse clubezinho que reflete tão bem essa angustia da poesia do desiludido poeta decidiu realizar um baile em sua sede. Ou melhor, sua diretoria decidiu promove-lo, a fim de angariar fundos para futuras iniciativas. Para torná-lo digno da presença de artistas e amigos das artes, um grupo se improvisou num instante e traçou os murais que mais tarde iriam ornamenta-lo.  Eram eles Segall, Volpi, Nelson Nobrega, Zanini, Rebolo, Pola Rezende, Noemia, Flexor e alguns outros. De antemão já se sabia: as fantasias teriam que referir-se aos anos de 1900, quando tudo era tão diferente dos anos de bomba atômica e televisão.

A passagem do ano foi no Clube dos Artistas em 1952.

"O nosso ponto de encontro na noite de São Silvestre será o Clube dos Artistas. Depois a gente decide para onde vai. Ninguém dispersou e o dia do ano espiou toda aquela boemia alegre pelos grandes envidraçados, fazendo os primeiros ventos de 1952 rodopiar o mobile de Calder no salão de baixo."

"Luiz Lopes Coelho foi um show inteiro. Sua alegria contagiante, seu humor, sua graça alerta e pronta vivem em estado de pureza. A roda dos poetas era grande... E havia a Diná, a dama de ferro do MAM ... Havia Oswald de Andrade antropofágico e sua doce Antonieta. O fato é que todo o mundo tomou alegria, como o poeta Bandeira, mas tomou alegria , candidamente, puramente, sem nenhuma ideia de atordoamento. Enfim, eram todos artistas"

Na pequena São Paulo dos velhos tempos, o Clubinho foi a casa dos intelectuais e dos artistas, atraídos por atividades múltiplas.

A cidade cresceu. Dilataram-se as opções para o lazer e a boêmia noturna. Veio a crise financeira...

Houve, porem, ainda, um grande grupo de espírito alegre e de boa prosa reunindo-se no Clubinho. Prosseguiram os acontecimentos culturais: exposições, concertos, conferências...

Idealistas teimosos, desejavam os dirigentes manter a casa  tradicional com o mesmo fervor dos antecessores.

O espaço foi ocupado pelo CAAA até o final da década de 1960.











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